sábado, 1 de maio de 2010

Missão cumprida

missao
A cerimônia de casamento, desconsiderando o atraso, transcorria normalmente. Apenas uma cena despertou minha atenção. Logo após os votos de fidelidade dos noivos, a atenção de todos foi bruscamente direcionada para duas crianças, um menino e uma menina, que entravam no salão de cerimônia. Elas caminhavam em sincronia, como soldados em dia de marcha. O quadro não deixava dúvidas de que o treinamento dos dias anteriores tinha sido bem sucedido. A música solene acompanhando a dupla e a disciplina no cumprimento da tarefa surpreendeu os presentes. A menina carregava firme um lindo buquê de flores, disputado mais tarde pelas solteiras. O menino, com olhar fixo para os noivos, levava as alianças.


Findo o percurso, diante dos nubentes, o menino aproximou-se do noivo entregando-lhe a jóia. O fato seguinte surpreendeu a todos da mesma forma que a entrada ordeira. O menino virou-se em direção ao final do corredor e saiu disparado com a mesma determinação de um corredor dos cem metros rasos. A menina, assustada, olhava para todos os lados aguardando uma direção. O quadro agora não deixava dúvidas de que o treinamento dos dias anteriores havia sido abandonado. Ao chegar ao final do corredor, o menino parou e respirou alto: “Ufa!” Ele estava dizendo: “missão cumprida!” Ficou evidente a sensação de alegria do menino em ter cumprido a sua missão.

Essa observação fez-me lembrar do quanto é importante cumprir bem a nossa missão. Entretanto, para concluí-la é preciso conhecê-la. A propósito, qual é a nossa missão? O conhecido Breve Catecismo de Westminster formulado no século XVII começa assim: PERGUNTA 1. Qual é o fim principal do homem? RESPOSTA. O fim principal do homem é glorificar a Deus, e alegrá-lo para sempre.

Jesus nos deixa o exemplo de alguém que cumpriu com perfeição a sua missão. Na cruz, em meio à grande dor, expressou sua alegria em cumpri-la, dizendo: Está consumado! (Jo 19.30). Este foi um grito de vitória e não deve ser interpretado como o grito de uma vítima desesperada. Ele não deixou este mundo com uma tarefa inacabada. Submeteu-se à sua tarefa até a última hora da cruz. A sua missão havia sido a sua energia. Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra (Jo 4.31). Nenhuma dúvida havia na mente de Jesus. Por isso, orou: Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer; e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo (Jo 17.4-5).

Paulo também testemunha da sua confiança em ter cumprido a sua missão. Enquanto ele aguardava a voz do carrasco gritando seu nome pelo corredor frio e úmido da prisão anunciado que sua hora havia chegado, fez uma breve avaliação da missão que recebera na estrada de Damasco e concluiu: Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda (2Tm 4.6-8). Para cumprir a missão é preciso girar a vida em torno dela e não fazer dela uma faceta da vida.

Pastor Humberto Medeiros

Nenhum comentário:

Postar um comentário