sábado, 1 de maio de 2010

A Arte de Arrumar Gavetas

gaveta
Há tempos vinha adiando uma tarefa que não gosto de fazer. Um dia desses, cheguei à igreja decido a cumpri-la antes de fazer qualquer outra coisa. Assim que sentei na cadeira, fui logo enfrentando a desordem da primeira gaveta da mesa. Logo, logo, fiquei com um monte de papel na minha frente. Entre eles, o número de um telefone sem nome, o rascunho de uma idéia não desenvolvida, a divulgação de um evento passado, etc. Concluir que estava guardando lixo na minha própria gaveta fez-me sentir tolo. Com dúvidas, antes de dar por encerrado o trabalho, decidi revisar o que estava sendo preservado. Tive que jogar mais coisas fora. Intriga-me essa estranha atração por coisas inúteis!


No meio da tarefa, subitamente um pensamento surgiu: “Você precisa fazer isto também com a sua mente”. Ele foi tão insistente que cada objeto removido parecia repetir: “Você precisa fazer isso com a sua mente”. Acatada a sugestão, comecei a pensar em coisas que guardava na mente que não acrescentavam nada e, às vezes, não passavam de laços no meu caminhar em direção à maturidade. Em oração, repeti as palavras do salmista: Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se em minha conduta algo te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno (Sl 139.23-24). Não demorou muito pra ter um monte coisas na minha frente que nada acrescentava à minha vida cristã.

Existem coisas que, quando armazenadas em nossa mente, são apenas empecilhos que nos impedem de enxergar a grandeza da obra de Deus em nossa vida e o caminho seguro da Sua Palavra que devemos trilhar. O profeta Jeremias acordou um dia decidido a revisar as gavetas secretas da sua mente. Ele tinha guardado nela muita coisa triste. Sabiamente, decidiu fazer uma seleção, dando preferência a fatos que poderiam acrescentar algo para a sua alma sedenta de graça e misericórdia Divina. Lembro-me da minha aflição e do meu delírio, da minha amargura e do meu pesar. Lembro-me bem disso tudo, e a minha alma desfalece dentro de mim. Todavia, lembro-me também do que pode me dar esperança: Graças ao grande amor do SENHOR é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis (Lm 3.19-22). Não era uma negação da realidade, mas um olhar para o Senhor da vida.

O ato de arrumar “as gavetas da alma” não é uma tarefa das mais agradáveis, mas é necessária. A eficácia desse serviço depende da ação reveladora do Espírito Santo. Assim, com a “lâmpada do Espírito” devemos vasculhar os cantos escuros ou adormecidos da nossa alma. Graciosamente, o mesmo Espírito que ilumina, nos encoraja para o enfrentamento e afastamento das coisas inúteis armazenadas em nossa mente. Portanto, não se apegue aos tratamentos injustiçados do passado, as feridas causadas pelas pessoas amadas, e tantas outras coisas que sufocam e prendem você de desfrutar da nova vida em Cristo.

Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas (Fp 4.8). Tudo em dia com as “gavetas da sua alma” ou há coisas inúteis guardadas?


Pr. Humberto Medeiros

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